COTIDIANO

Finais de semana de SP concentram quase metade das mortes no trânsito

Intervalo entre a noite de sexta e a madrugada de segunda é o mais sangrento da cidade

Publicado às 9h25

Folha de SP

Praticamente metade dos acidentes com mortes no trânsito paulistano ocorre entre a noite de sexta-feira e madrugada de segunda.

Segundo especialistas ouvidos pela Folha, o dado é fruto da imprudência no trânsito diante de vias mais vazias, com a perigosa mistura de álcool e direção, além da baixa fiscalização nesses dias.

Segundo dados da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), vinculada à gestão Bruno Covas (PSDB), de 2015 a 2017 foram contabilizadas 1.253 mortes entre as noites das sextas e as madrugadas das segundas. Esse dado equivale a 48% de todas as mortes nesses três anos.

Para se ter uma ideia da concentração das vítimas, o período do final de semana ampliado representa apenas 36% do tempo de uma semana.

A partir do desdobramento desses dados, é possível verificar que o dia com maior concentração de mortes na cidade é o domingo, com 553 casos. Nesse dia da semana, metade dos acidentes fatais acontece pela manhã, até as 8h30. A outra metade é mais diluída no restante da manhã, à tarde e à noite.

Na manhã de um desses domingos, em março de 2017, seis jovens morreram quando voltavam de um baile funk no Grajaú, zona sul da cidade.

Segundo testemunhas, o veículo em que estavam teria invadido a contramão para fazer uma ultrapassagem e colidido de frente com um micro-ônibus. As vítimas tinham de 16 a 22 anos.

Assim como aos domingos, no sábado a maioria das mortes acontece nas primeiras horas do dia. Foi o que ocorreu, por exemplo, no dia 30 de setembro do ano passado, quando uma motorista alcoolizada invadiu uma área de acostamento da marginal Tietê e matou três pessoas.

A motorista, de 28 anos, fez o teste do bafômetro e apresentou 0,48 miligrama de álcool por litro de ar expelido —níveis a partir de 0,34 mg/l são considerados crime.

Em oposição aos finais de semana, a terça-feira é o dia da semana que, de 2015 a 2017, registrou menos mortes nas ruas e avenidas da cidade. A chance de ocorrer um acidente fatal às terças chega a ser metade da de um domingo.

Todos esses dados foram extraídos de uma nova plataforma de monitoramento de acidentes de trânsito na capital paulista, o Vida Segura, lançado nesta segunda-feira (17), pela CET.

A ferramenta foi montada pela Iniciativa Bloomberg e passou a disponibilizar informações importantes de boletins de ocorrência que antes ficavam apenas com a CET.

O prefeito Covas participou do lançamento da plataforma e disse que a publicidade desses dados auxilia a consulta por especialistas e a sociedade civil, ajudando a melhorar políticas públicas no setor.

“Dessa forma, vamos melhorar o trânsito na cidade de São Paulo, dar mais qualidade de vida e dar mais segurança para as pessoas, reduzindo acidentes”, disse.

Para a especialista em trânsito Meli Malatesta, uma somatória de elementos fazem do final de semana o intervalo mais perigoso e sangrento da capital paulista.

“Além da conhecida ingestão de álcool, o fluxo de veículos nas ruas diminui, aumentando a velocidade dos carros e o risco de acidentes”, diz.

Eduardo Vasconcellos, da ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos), concorda que a mistura de ruas vazias e consumo de álcoolexplica o fenômeno. “Sabemos que há um abuso da velocidade e conduta imprudente, principalmente entre os jovens”, diz Vasconcellos.

Em 2015, um laboratório da USP analisou 56 amostras de sangue de vítimas do trânsito paulistano, coletadas nos Institutos Médicos Legais de São Paulo. A amostragem representava estatisticamente as vítimas de toda a cidade. Segundo o estudo, o álcool estava presente no sangue das vítimas em 43% dos casos.

Outro estudo do laboratório indicava também maior prevalência de álcool entre vítimas fatais nos finais de semana.

“Do ponto de vista de saúde pública, é compreensível que as autoridades foquem onde o problema está mais concentrado. Se o problema for nos finais de semana, ali devem estar os esforços. Pois, ao reduzir essa parcela do problema, o número total de vítimas será automaticamente diminuído”, diz o pesquisador Gabriel Andreuccetti.

“Essas mortes são um custo enorme à sociedade. Deveria existir uma análise sistêmica desses dados e observar as políticas públicas”, completa.

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