EDUCAÇÃO

Alunos reproduzem obras de grandes artistas em portas de escola em Pirituba

Publicado às 10h

Por Gabriel Cabral

Grandes obras de arte da história serviram de inspiração para jovens da Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Rui Bloem, em Pirituba, na Zona Noroeste. Os alunos pintaram cerca de 40 portas da escola e reproduziram obras de artistas renomados, como Van Gogh, Edvard Munch, Basquiat e outros.

Keysi dos Santos ao lado da reprodução da obra ‘O grito’, de Edvard Munch. Foto: Vitor Muniz/G1

A intervenção partiu de um projeto da professora de artes Priscila Trentin. Ela entendeu que os alunos do 7° e 9° ano do Ensino Fundamental precisavam sair das pinturas em telas para imergir ainda mais no universo da arte. “Eu não via a marca dessas crianças na escola e isso me incomodava”, disse. “Então, eu reuni as crianças que já faziam parte do projeto de pintura em tela e começamos a escolher as obras que iríamos reproduzir nas portas”, contou.

Priscila Trentin é coordenadora do projeto e professora de artes. Já são mais de 40 obras reproduzidas nas portas da Emef Rui Bloem. Foto: Vitor Muniz/G1

Além do expressionismo de Van Gogh e da africanidade de Chica Sales, os alunos trouxeram grafismos indígenas e referências modernistas, como Vik Muniz e Jean-Michel Basquiat. Também reproduziram obras do irlandês Christy Brown, que pintava com os pés por conta de uma paralisia cerebral que limitou seus movimentos.

Pesquisa e aprofundamento

Cada autor das obras requeridas para reprodução foi estudado pelos alunos, para que eles entendessem o contexto em que a pintura foi desenvolvida. Ao ensinar sobre Basquiat, por exemplo, a professora pode falar de assuntos como dependência química, orientação sexual, “gueto” e imigração. “Eles se identificam muito com a história dos pintores, pois estão inseridos em um ambiente marginalizado também. Ou seja, ensinando a história do Basquiat, por exemplo, nós podemos falar sobre homossexualidade, dependência química, sobre o gueto e até imigração”, afirma Trentin.

“Eu pensava que esses pintores clássicos tinham vidas normais. Pensava que eles cresciam, trabalhavam e se casavam. Quando eu pesquisei mais eu percebi que a vida deles era uma loucura e que não era muito diferente da nossa“, diz a aluna do projeto Keysi dos Santos, em entrevista ao portal G1.

Elaine Dina ao lado da reprodução de um auto-retrato de Frida Kahlo. Foto: Vitor Muniz/G1

Rodolfo Pauzer, diretor da EMEF, o projeto é realizado no contraturno das aulas e ajuda os alunos a se manterem em contato constante com o conhecimento. “É uma comunidade extremamente vulnerável e, tirar esse aluno da rua e trazer para a escola por um tempo um pouco maior, ajuda na proteção dessa criança. É uma forma de proteção”, explica o gestor educacional.

Ao lado das reproduções nas portas há descrição do artista original, técnicas aplicadas, dimensões e localização atual da obra. Desta forma, o estudante também desenvolve suas habilidades de pesquisa, história, geografia e língua portuguesa.

Os participantes do projeto ainda contam que esse período a mais que passam na escola é importante para que possam expressar seus sentimentos e extravasar angústias. “Antes a gente ficava em casa, dormindo ou até mesmo na rua. Quando a professora começou com o projeto, nós começamos a gostar e fomos nos apegando às telas”, diz Keysi.

Amanda dos Santos, 15, Keysi dos Santos, 15, Ytauana Priscila, 14, Jhenifer Veras, 15, Danubia Pereira, 15, Elaine Dina, 15, e Pedro Figueira, 13, são 7 dos 12 alunos que fazem parte do projeto de pintura. Foto: Vitor Muniz/G1

“Eu já desenhava, mas comecei a pintar mais depois que minha família começou a ter problemas, aí eu comecei a expressar minha raiva nos desenhos para poder me aliviar”, contou a estudante e também aluna do projeto, Elaine Dina. O estudante Pedro Figueira ainda pontua que a arte ultrapassa qualquer limite físico.

“Não importa o lugar ou o material que você está usando, sempre vai ser uma forma de expressão. Você sempre vai estar liberando algo que está dentro de você”, disse.

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