REGIONAL

Solidariedade: até que ponto pode ser estendida além do Natal?

Época de doações e voluntariado para se dedicar e fazer o bem ao próximo

Publicado às 10h

Por Cristina Braga

A proximidade do Natal evoca, em muitas pessoas, sentimentos controversos, tristes ou alegres, é o momento de festividades e de reflexões. É quando bate aquela vontade de ajudar mais o próximo. Em tempos de confraternização, a solidariedade do povo brasileiro é demonstrada em números. Segundo pesquisa da Fundação Itaú Social (de 2016), em parceria com o Datafolha, 72% dos brasileiros nunca fizeram trabalho voluntário. No entanto, de alguns atos espontâneos, fica a esperança para as instituições que esses vínculos sejam permanentes.

Quem trabalha em prol de fazer o bem o ano todo consegue avaliar esse espírito de voluntariado que emana especialmente no fim de ano. A Associação Beneficente Betsaida, fundada em 1991, a partir da sensibilização dos membros da Igreja Presbiteriana de Pirituba, começou com um grupo de 10 voluntários realizando o “Projeto de Fé I”, onde atendia, inicialmente, 25 crianças na região do Jardim Santo Elias e, logo, alcançou o número de 60 crianças atendidas. Em cinco anos, se expandiu pela sua vocação humanitária, fundando duas creches e um CCA – Centro da Criança e do Adolescente, além de um abrigo (SAICA) – Serviço de Acolhimento Institucional para Crianças e Adolescentes para pessoas em situação de risco, visando a reintegração à família de origem ou adoção, totalizando 500 crianças e adolescentes.

Qual a sua disponibilidade?

Mesmo contando com 95 funcionários e convênio com a Prefeitura, para garantir a alimentação, formação e educação, inclusive para as famílias dos funcionários, o presidente executivo da Betsaida, Humberto Claudio da Silva, diz que “as pessoas podem contribuir de várias maneiras. Dar de si, visitar ou colaborar, fazer-se presente é o que mais falta nas atividades”. Por outro lado, Humberto deseja divulgar mais os trabalhos da entidade, “para que possamos compartilhar com a sociedade”. Ser solidário, muitas vezes, é estar disposto a receber e entender as carências da família que bate à porta, em sua maioria, beneficiários de programas sociais ou oriundos de medidas protetivas. “Não trabalhamos pontualmente só com criança. Aqui dentro, ela é o reflexo da família que também amparamos”, completa o presidente.

A diretora da creche da Betsaida, unidade do Parque Maria Domitila, Maria do Carmo Silva e Souza Alencar, exemplifica como pode vir o auxílio: “precisamos de pessoas, por exemplo, para ajudar em eventos. Tanto aquele que pode carregar uma cadeira, quanto na arrumação do ambiente”, cita. No jardim da creche, deverá ser desenvolvida uma atividade com música e a diretora espera voluntários para dar noções ao ar livre sobre instrumentos musicais. Maria do Carmo ainda salienta que a empatia para o serviço solidário é “o despertar da cidadania com responsabilidade e não estar só disponível em dezembro”. A mesma convicção vem de José Alfredo Nahas, da ONG Parceiros Voluntários, “o voluntariado é a força transformadora para uma sociedade melhor”.

Carumbé, na Vila Brasilândia

As sacolinhas já viraram um kit conhecido de quem solidariza com as campanhas de Natal. Em outro ponto da zona noroeste, no próximo dia 10, haverá a distribuição dos kits para crianças da Associação Projeto Carumbé e outras do bairro. No total, são 400 kits que foram “apadrinhados” por voluntários. Nelas contêm peça de roupa nova, brinquedo, calçado e artigos de higiene.

A associação oferece aulas de futebol feminino, de teatro e balé gratuitamente para 140 crianças de 5 a 14 anos e ainda tem grupo de caminhada e ginástica para idosos. Esse esforço vem há 4 anos do líder comunitário Leandro Wilson de Lima, que criou o projeto para a garotada do bairro carente da Brasilândia. A sede da Associação fica na academia de musculação, no qual é dono há 13 anos, e na quadra de futebol, que administra e cuja receita paga os professores do projeto. Quando o assunto é solidariedade no Carumbé, ele tem na ponta da língua o discurso. “Na periferia todo mundo é solidário, porque aqui é um povo carente de tudo, mas me dá um prazer que não tem explicação”, diz. “Carumbé é um bairro que tem 200 mil habitantes e ele lida com a pobreza e a miséria emocional das crianças todos os dias do ano”, finaliza.

Luz em Taipas

Já o recém-criado Instituto Luz aos Cegos, em Taipas, conhece bem a dificuldade para que voluntários possam ajudar na casa. Luciana França, que é mãe de dois adolescentes deficientes visuais, fundou o espaço para dar orientação aos cegos e às pessoas com baixa visão. “Precisamos de voluntários para dar aula de braile e não encontramos, apenas remunerados, e também não conseguimos comprar as dez máquinas de braile que precisamos.” Com tantas necessidades, ainda assim o Instituto realizou bingo para arrecadar 13 bengalas dobráveis. “Temos famílias que não podem comprar e é muito importante para a locomoção deles.” Luciana não desiste e até entende que algumas pessoas ficam descrentes em ajudar ONGs, “até acreditar de verdade no trabalho, leva tempo”.

Reciclázaro completa 20 anos

Em 1997, o padre José Carlos Spinola resolveu acolher os moradores de rua que estavam tomando conta de uma praça, na Lapa. Mais do que isso, criou projeto para gerar emprego e renda para eles. Assim, nascia o Reciclázaro, cooperativa de reciclagem. A Associação, hoje, conta com a Casa Marta e Maria (mulheres em situação de vulnerabilidade), Casa de Simeão, Casa de São Lázaro e o Centro Dia Guadalupe, na Vila Romana, para atendimento a idosos. O padre lembra da luta que foi no começo e lá se vão 20 anos recuperando vidas, fomentando a inclusão em trabalho e renda, por meio de empreendimentos socioambientais.

A Cooperativa de Reciclagem gerou, ainda, o CEPOPEA – Centro de Formação Profissional e Educação Ambiental, na Marginal Tietê, e várias cooperativas, como a de panificação, jardinagem e tijolo ecológico. É uma colmeia de braços para sustentar os trabalhos que contam com a parceria da Prefeitura. Spinola sabe que esse é o tempo de gratidão. “Vejo as pessoas trazerem coisas simples, como mantimentos, dinheiro ou máquina de costura, que estão se desapegando”, pondera. No entanto, como estender essa solidariedade o ano todo? O padre acredita que o grande desafio da Associação Reciclázaro e de todas as entidades é romper a individualidade, o egoísmo, doar algumas horas do seu cotidiano, “como entrar no Centro Dia Guadalupe, dedicar a contar histórias, ficar um tempo ali e, finalmente, sair do caracol e se colocar a serviço do próximo”, finaliza.

Visite o site das instituições:

www.betsaida.org.br

www.reciclazaro.or.br

www.facebook.com/luzaoscegos/

https://www.facebook.com/Projeto-Carumb%C3%A9-para-Sempre-1379842598947538/

Folha Noroeste

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