REGIONAL

Aos 17 anos, dançarino de Pirituba vence campeonato em Berlim

Rackin competiu com 36 artistas de sua categoria

Publicado às 9h40

Por Lara Deus, da Agência Mural

Durante os últimos anos de escola, a rotina de Roberto Rackin, 17, era um pouco mais puxada do que a de outros estudantes da sua idade. Todos os dias, ele saía da ETEC Pirituba, na zona noroeste, onde cursava o ensino médio e o técnico em período integral, e ia para as aulas de dança. A correria vem rendendo frutos: no dia 19 de fevereiro, o bailarino conquistou o 1º lugar no 15º Festival de Dança de Berlim na categoria contemporânea.

Rackin competiu com 36 artistas de sua categoria e foi o único a obter uma colocação (não houve segundo e terceiro lugar). Além disso, foi um dos 24 convidados para repetir o espetáculo na gala, que é a apresentação que encerra o festival.

O estudante nasceu com pé torto congênito do lado direito. Aos nove meses, fez uma cirurgia que corrigiu o desvio, mas até hoje tem menos flexibilidade neste tornozelo.

Durante a infância, o acompanhamento médico foi intenso. Rose Ribeiro, mãe do dançarino, chegou a ouvir de um dos profissionais que o filho nunca poderia participar de competições esportivas.

Ao contrário, o problema não foi uma limitação para que o jovem trilhasse seu caminho na dança, mas sim o que determinou sua escolha inicial pela dança contemporânea. “O contemporâneo foi uma sugestão da minha mãe, justamente por medo da dança clássica, que exige muito, é saltada e depende mais das duas pernas”, explica Rackin.

Mesmo assim, atualmente ele também tem aulas desta modalidade.

A jornada de Rackin na dança teve início aos 8 anos, depois de observar aulas de ballet no seu prédio. A família se mudou de lá um ano depois, e o menino só voltou a ter contato com a arte em 2013, depois de uma coincidência. A dona de uma academia de dança do bairro foi à festa junina de sua escola, viu o estudante em uma apresentação e notou o seu talento. Na época, o menino tinha 13 anos.

Desde então, o jovem acumula apresentações e prêmios. Menos de dois anos após iniciar na dança, o jovem já conquistou um solo e competiu em festivais de todo o Brasil.

A carreira internacional começou em junho do ano passado, quando se apresentou no Valentina Kozlova International Ballet Competition (VKIBC), em Nova Iorque, e ficou em terceiro lugar na sua categoria com o espetáculo solo In Me, o mesmo premiado em Berlim.

Para o campeonato europeu, o jovem conta que teve que se aprimorar. “Eu analisei todos os vídeos que eu tinha dançando, o que eu podia melhorar, o que eu podia fazer pra parecer melhor. Tive que olhar para trás pensando no futuro”, explica.

Antes de ir a Berlim, Rackin já tinha apresentado o solo “In Me” pelo Brasil. Na foto, ele está no Festival de Dança de Barueri. Foto: Nanah D’Luize

Um sonho caro

Rackin não precisou sair de Pirituba para estudar dança, já que sempre foi aluno de uma academia particular do bairro. Ele avalia que a pouca disponibilidade de aulas gratuitas na região torna a dança um sonho caro para quem vem daqui.

“É muito difícil você sair da periferia, ir pra outro país com uma cultura totalmente diferente, sem suporte algum do governo. Meus pais lutaram muito para eu ir. Graças a Deus eles conseguiram com muito sufoco, porque tiveram que bancar tudo”, afirma o dançarino.

A mãe professora e o pai policial custearam toda a viagem a Berlim.

Rackin se formou no ensino médio, continua estudando dança e sonha em cursar psicologia. “Não quero largar a dança. Mas para eu juntar o trabalho, a faculdade e as aulas eu precisaria de 48 horas em um dia”, lamenta.

“Vamos montar um currículo para que ele consiga um trabalho na dança, que é um caminho aberto. Mas a faculdade ele precisa ter, até porque a dança tem um tempo. A gente vai ter que tocar a vida como é no nosso país”, comenta a mãe.

 

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